segunda-feira, outubro 19, 2009

Ensaio Sobre A Cegueira de Saramago


Começo por confessar, muito católicamente, que até gosto de ler Saramago. Começei com o inevitável Memorial do Convento, e 3 ou 4 obras lidas desde então, embora menores, não me permitem considerá-lo um mau escritor. Pena é que o autor não leia os seus próprios livros.
Num deles - História do Cerco de Lisboa - , tem uma citação curiosa: "Não suba o sapateiro acima da sandália"... pois era bom que o escritor e laureado nobel, não deixasse a fama subir-lhe à cabeça... e o ressabiamento contra a Igreja, transparecer fora dos romances.

O que lhe vale é que a idade sempre lhe vai dando alguma margem de manobra. Algumas pessoas encolhem os ombros e dizem benignamente que é a "idade"; outros abanam a cabeça e juram que é a senilidade.

Certo é que a relação entre a Igreja e J. Saramago já vem de há muito atrás, quando ele ainda sabia o que dizia, aparentemente.

Sendo um homem de convicções - republicanas e não-religiosas - saiu do país e foi para a monárquica e católica Lanzarote, num exílio voluntário, como forma de protesto contra a reacção de um sector católico a um dos seus livros, "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" (1991). Este foi um dos que não li, pelo que não me vou pronunciar - mas ressalvo que se não o li, não foi por concordar com as opiniões mais radicais que atacam a obra, ou por receio de não poder entrar nos portões do céu, se o ler; simplesmente não me interesso muito pelas temáticas religiosas - nem a favor, nem contra. O que não quer dizer, que não possa um dia optar por ler este livro...

Portanto nesse espírito de não me preocupar com a religião nem com a falta dela, é que escrevo a minha opinião.
Acho que J.S. tem a liberdade de pensar e escrever o que lhe apeteça, ainda que possa ofender alguns grupos ou individuos. Estes por sua vez, têm direito de lhe responder. E assim consecutivamente, até todos morrerem, e poderem finalmente decidir o dogma - Deus existe, ou não? Eu por mim, não tenho muita pressa em descobrir...

Respeito tanto a opinião de quem acredita, como a de quem deixa de acreditar.
Agora o que é pena, é que J.S. tenha confundido a Igreja e os seus defeitos, com a religião, tendo perdido todo o respeito por aqueles que acreditam numa entidade superior - muitos que, respeitando o seu ateísmo, até serão seus leitores....

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